A mesma solidão



*

o que resta dos desenhos na areia
quando o vento vira furacão,

são retalhos de alguma saudade
espalhados em cacos revoltos no chão.

O que rasga o peito a punhal
quando a lágrima cismada entala e não cai,

são gritos recém paridos de uma artéria triste
que se contorce e faz

o medo ressurgir regurgitando espíritos
desfazendo a paz

E a lua que jaz serena
não sente o pânico a me assaltar

Derrama sentada e sonolenta
brancos raios cheios rasgados pelo ar

Finge tranquilidade deixando-se imensa
na amplidão

Mas enquanto suspira estrelas
tentando inspirar algum bêbado ou alguma canção

Repensa a vida inteira
e queixa-se também da mesma solidão.


(Jessiely)

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