Postado por
Jessiely Soares
quinta-feira, 24 de julho de 2008

*
Amanheci de chuva
sem muita manha, sem cultura,
p´ra compor uma obra-prima
que saísse qual mormaço
numa manhã de brancura.
Desde que a voz não fosse a minha
e que tu lesses a partitura.
E até escrevi a melodia
como uma coisa miudinha
que se encolhesse com o vento.
Ipê branco até chorou
quando ao canto se juntou
a velha dor arrastadinha
"... Foi numa claridade dessas
que pegado na mão dela
destilei amor
numa manhã
águas claras
e campinas
ela cheirava a coisa antiga
a terra doce, a avelã
E aquele Sol afogado
na terra morta que escorre
do pé de serra
fim de dia...
Morreu na canção que deixo
marcada aqui , rasgada a seixo
Onde faz sombra,
calor que míngua.
Na esperança tão vazia
Que ela cresça, véu branquinho
como bibelô, brinquedo
para saber que a amei tanto
naquela manhã apagada
quando contei-lhe meu desejo
e ela sorriu tão branco
tal qual a flor do Umbuzeiro..."
Passarinho bateu asas
brotou plantação de lágrimas
de saudades e de memórias
Chorei caatinga, sertanejo.
(Jessiely Soares)
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Jessiely Soares
terça-feira, 1 de julho de 2008

*
Guardei sob teu leito - meu menino -
um par de asas transparentes
que noite dessas, muito quentes,
eu usei para afugentar o teu calor
Enquanto lá fora duas estrelas suspiravam
e as mortes nos levavam ao escuro...
Eu deixei, bordado em teu travesseiro,
um ponto simples numa linha quase cinza
de um triste Sol partido ao meio
de um desejo sempre e tão soturno.
para que não chegasse outra manhã em tua vida
e que a tarde morresse inda mais cedo
e eu fosse a lua da tua noite mais vazia
Como um espírito deitado, insolente
Me deixei, sempre me deixo ao teu lado
ou como um anjo, num desejo escondido,
na morada que eu fiz no teu abraço.
(Jessiely Soares)
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Jessiely Soares
quarta-feira, 25 de junho de 2008

*
Selvas de medo e tristeza
Em um trem na madrugada a dentro
Na época em que tudo que era vivo
corria perigo.
Vagávamos,
Noite em claro
No último vagão disponível.
Mas tua mão se entrelaçava na minha
e tudo fazia sentido
(Jessiely Soares)
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Jessiely Soares
domingo, 8 de junho de 2008

*
De tanto orvalho
perdeu o medo
e pesou.
Pendeu
abriu as asas
que nem
lembrava que tinha
Voou
Era tardinha
Depois disso
não se sabe mais.
Só do arrebol
que se tem notícias
Ninguém nem lembra
como ele planava.
Coração
quando parte para o mundo
não volta mais pra casa.
(Jessiely Soares)
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Jessiely Soares
terça-feira, 20 de maio de 2008

Por essas ruas, por essas luzes amarelas...
Fui deixando pequenos contrastes
- amor e pedra -
por passos não contados no caminho
Medindo
sob estrela e a aquarela
sob o canto do bêbado e a espera
o rubro alvorecer no céu antigo
Conjuguei em versos tais,
- de universo e outros vinhos -
a certeza da entrega
em cálidas noites
de serenos antigos demais...
Os passos não contados
que ficaram de tantas vidas
já não cabem...
nem nessas luzes - segredosas de passados -
nem nessas pedras de rua
de madrugadas imortais.
(Jessiely Soares)
*Foto do Recife Antigo:
http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=518469
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Jessiely Soares
sábado, 17 de maio de 2008

Prematuridade
Nesses dias de ocaso
ao meio-dia
em que tudo lança, fere, sangra, mata
me deixo em pedras frias na calçada
na esperança de chocar-me
contra o vento
Nesses tempos
em que tudo morre, tudo esfria
desenho a última dor da poesia
que se deixa adormecida ao relento
E por horas, inocentes e mostruosas
espero tua voz
vir me carregar antes do Sol...
Não é o que me dizes que me dói
a minha dor é porque tu não
me salvarás à tempo.
(Jessiely Soares)
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Jessiely Soares
sexta-feira, 16 de maio de 2008

Eu tenho, nas horas vagas
criado constelações com teu perfume
e em teu nome, feito explosões
em minha galáxia...
Mas no dia-a-dia nublado
há certos momentos
em que tua luz não me acha.
(Jessiely Soares)
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Jessiely Soares

Em todas as odes
que eu nunca fiz
sempre me faltaram duas:
Uma que me faça partir
e outra que me pragueje a cura
(Jessiely Soares)
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Jessiely Soares
quinta-feira, 15 de maio de 2008

*
Quando teu sorriso cai
na boca da noite
me foge o verso
e meio quilo de dissabores
por entre estrelas de mata fechada...
E se a noite não fizer nenhum sentido
ou se a madrugada
não adormecer contigo,
pinto teu olhar na alvorada.
(Jessiely Soares)
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Jessiely Soares
quinta-feira, 8 de maio de 2008

estive pensando
no peso de duas estrelas
no vácuo do universo
e em dois dedos de boa prosa
com uma cachaça
no invernar do brejo
ao som de qualquer violeiro
ou dos causos perdidos
do velho Joaquim
e tudo que me faz feliz
mesmo nas horas loucas
de fogueira e violão
é eu gostar de você
e você, contudo,
também gostar de mim.
(Jessiely)
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Jessiely Soares
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Jessiely Soares
sexta-feira, 25 de abril de 2008

*
Vem cá minha menina, não me olhe desse jeito
será que não percebes que já amanheceu?
Todas as estrelas, rumaram em cortejo
o que era morte, foi na noite
e o que era negro, já morreu.
Senta-te, não chore, deixa cá eu te ninar
não cabe acalanto se não puderes sonhar
não diga que és tola ou que o passado te envenena
é claro e lá fora já é outro rio a cantar.
( será que não ouves?)
Dá-me tuas mãos de branca seda.
Dá-me teu olhar, calado assim,
que me contém
Que todos os teus medos são tão meus
- são tão meus! -
Que essa brisa rouca
não os leva quando vem.
E quando anoitecer
que só reste teu perfume
neste campo, neste sonho
e na voz deste cantor
De nada vale a vida sem a lágrima perdida
que ao molhar teu véu insiste
em desnudar tua antiga dor
Sabe lá quantas das águas
nesse rio que há muito existe
são choros de antigas
dores e mortes invisíveis?
( Enlacemos nossas mãos, não fiques assim tão triste)
(Jessiely Soares)
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Jessiely Soares
quinta-feira, 24 de abril de 2008
*
Foi-se a vida
Ou foram-se as asas
Do eterno vôo da bailarina?
Dança o último sorriso
Na face rosa de menina
Flor que morre em acalanto
No escurecer dessa neblina
Canta o último versinho
Minha terna bailarina
Que a noite ainda adormece
E antes da primeira estrela
Faz o último Plié
Nessa atmosfera
Morta
Coloridas em plumas vivas
E parte, meu bem,
Parte
Entre aplausos que te esquecem
De quem teima em ficar
Nesse teatro em que tu brincas
Voas alto em teus sonhos:
Tens o palco dos ares
Para o Ballet da despedida.
(Jessiely Soares)
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Jessiely Soares
quarta-feira, 16 de abril de 2008

*
Antes que acabem
as rendas brancas da lua
e o grito da noite,
o último medo rasgará o vento.
Enquanto quatro mãos costuram,
placidamente,
estrelas nos pés de Deus,
o horizonte imerge
numa última sonata...
Antes do nascer
do dia,
na vermelha morte da madrugada
Haverá fogo nos teus olhos
e nas duas vidas
que habitam em ti,
desesperadas por amanhecer
Uma não irá morrer.
A outra,
sim.
(Jessiely)
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Jessiely Soares
domingo, 13 de abril de 2008

Pode um canto triste
moldado entre folhas
pousar no meu luar?
Um dia, era manhã
quando tu 'inda cantava
e eu ainda estava lá
Sangrou a última pedra
passou o último dia
Tingiu tudo a escuridão...
E tu cerrastes
meu futuro
como versos escondidos
entre o risco
e a imensidão.
Canta agora,
meu destino
canta o canto mais doído
da velha morte que partiu
No clarear da solidão
foi-se tudo, foi-se a lua,
nos deixamos feito chuva
na última curva do rio.
(Jessiely)
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Jessiely Soares
quinta-feira, 10 de abril de 2008

*
Flores na brisa
cheiro de Maio
Dois versos cinzas
em breve contato
- Voa o amor por todos os lados.
Branco de dunas
ruas de Abril
noites de chuva
dia vazio
- Voa amor, aqui tudo é frio
Doces desejos
é breve, é claro
Canta o leito
que guarda o amado
- Voa amor, não fica guardado
Não morre entre cantos
de amor encantado.
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Jessiely Soares

*
Não, eu não sou pernambucana
nascida
Mas meus anseios crescidos na Paraíba
me deixaram tal qual Ariano:
"Paraíba é colo, recanto
mas Pernambuco
me veste de vida."
Nos olhos, do meu Recife
(assim, me apropriando)
vi o arrebol de sonhos
na noite que morre calma
Fui Marco Zero de bêbados
cantando vinhos e dores
quando a musa brilhava alta.
E surgindo, imersa em luz,
tingindo tudo que existe.
Eu, batizada por fina chuva,
namorava o capibaribe
(Com minha visão bordada
na cidade em que não reside)
"- Oh, Pernambuco que amo!
Oh,
___Recife,
______linda!"
Rasga-me a alma, confesso:
"Adota-me, pois não,
não sou pernambucana nascida
Mas é por te amar, que te verso!"
(Jessiely Soares)
Foto: Felipe Ferreira - http://www.flickr.com/photos/ff_fotografia/2327802800/sizes/l/
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Jessiely Soares
quarta-feira, 2 de abril de 2008

Agarrado no vento
Foi-se o teu rosto pra longe
Onde mora o absurdo
Naqueles dias
Os rios cantaram
- É primavera
Ao redor do mundo!
Mas eis que em mim
O frio dançava
Feito de orvalho e pedra
Entre o horizonte e o mar
Teu amor era a última morte
Anunciada
Onde viver seria algo eterno
Não me atrevi a ir além dessa dor
Virei sereno.
Fingi-me inverno
(Jessiely Soares)
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Jessiely Soares

E foram-se luas e flores
Até o tempo desabar,
Quase na palma da mão.
Foram-se doze primaveras
As mais lindas bailarinas
E algumas mortes, esquecidas
Dias, sim
Dias, não.
No doce último sorriso
Bordado de improviso
Naquele último luar
Éramos sonhos como medo
Enquanto as luas escolhidas
Brincavam de voar.
Postado por
Jessiely Soares
domingo, 30 de março de 2008
*
Não ouça o triste canto
que soa longe
Que o teu medo
desconheça
tal infortúnio
Não aceita a ilusão
que se oferece
Nas falsas brumas
desse desaguar
noturno.
Tesouros de Sal e nácar,
ouro e olhos
Engolidos
em mortas ondas
- frio e calcário -
Levados a profundos
reinos naufragados
Que ecoam
num madrugar
intempestivo
Não ouça o triste canto
que pressagia
"Guarda o teu medo
como à vida
O mar é a morte
do infinito."
(Jessiely Soares)
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Jessiely Soares
sexta-feira, 28 de março de 2008

Não cantes
ode
As marés
- Mutáveis
monstruosas
Incansáveis -
Nem chores
A morte
De suas vagas
Perdida
Em bravas
Naus incontáveis
Não desenhes
Tua vida
Nas areias
Nem deixes
pegadas
Pelos ventos
Guarde das
espumas
Tuas velas
Poupe
Do medo
Teus rebentos
Só permite
Que a brisa
Do destino
Suprema
hospedeira
Dessas mágoas
Erice o teu
corpo
Em desatino
E te faça
soberana
Nessas águas
Que as ondas
adormeçam
Em teus cabelos
Que vistam
Teu corpo nu
As finas algas.
(Jessiely Soares)
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Jessiely Soares
quinta-feira, 27 de março de 2008

Quebram na praia
Desgostos da Deusa
Em brumas de sal
jogadas na areia
E deixam o rastro
murmúrio das conchas
E mortes marinhas
de vidas alheias.
O medo nas águas
espíritos pairam
Ecoam brados
na névoa prateada
Dos assombros da noite
os choros calaram
Nos desgostos da Deusa
que quebram na praia
(Jessiely Soares)
Fotografia de: Bruno Abreu
~> http://olhares.aeiou.pt/galerias/detalhe_foto.php?tc=1&id=1438357
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Jessiely Soares
sexta-feira, 7 de março de 2008

*
Enterrem minha alma
no espaço indivisível
entre a cruz e a espada.
E sobre ela
lancem olhares
e críticas perversas
Mas não deixem de matá-la
Enterrem meus passos
na curva do caminho
entre o vento do destino
e a voracidade do rio...
Mas não deixem
meu passado
exposto ao relento
no impetuoso frio.
Levem em sacos vazios
as últimas palavras
de alguém que morre
sem conseguir ver
o tão sonhado pôr do Sol
Rabisquem em pedaços de papel
o poema que nunca foi escrito
Inenarrável!
Pedaços de um sonho qualquer
esquecido...
Mas, não deixem que morram
meus mundos
nem meu amor-lírico
Enterrem meu corpo
antes de enterrarem meu poema
Pois eu não sobreviveria
a morte de um filho.
(Jessiely Soares)
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Jessiely Soares
domingo, 2 de março de 2008

Queria ser por um dia
artesanato qualquer
pelas ruas de Olinda.
Ser talhada em madeira
pintada com a cor da rua
e do céu que se escancara.
Queria ser exibida
aos gritos
pelo vendedor
no meio dia
nas ladeiras
íngremes
E no meio de qualquer troça
que você notasse
e por qualquer preço
me levasse pra colorir
seu quarto
Mas que toda noite me visse.
(Jessiely Soares)
Foto de Felipe Ferreira -
www.flickr.com/photos/ff_fotografia/2040962840/in/photostream/
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Jessiely Soares
domingo, 17 de fevereiro de 2008
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*
Cacos de vidros,
companheiros fiéis
de jornada,
Fizeram da outrora estrada,
iluminado campo
de flores vítreas
Os pés, acostumaram-se,
e já caminham
por ódio, rancor
ou quiçá,
por mera
cisma.
Nuvens, arrebatadas
numa cúpula,
chovem granizo
Em rajadas
de dor e medo
Minha pena,
de morte,
perdida,
rabisca à força
nas rochas
em estilhaços
Como se a angústia
fosse tinta...
ou brinquedo
"Inspirem-me,
ó raios ,
que gritam ao longe
nos velhos dezembros
dos meus antepassados!"
Eis que
minhas palavras ainda terão asas...
alçarão meus sonhos despedaçados.
(Jessiely Soares)
Postado por
Jessiely Soares

*
Se te esculpo
na areia
toda noite...
De que me vale,
se o vento na manhã
sempre te leva?
Se te tinjo
com tinta óleo
na madrugada
A noite passa,
e a moldura
se esfacela.
Meus desejos
se amontoam
pelos cantos.
Meus cantos
se amontoam
nos desejos...
Faço,
tinjo,
declamo.
Lanço a nossa
sorte
ao som do realejo
Entre surtos de desventura
desses que ninguém
nunca previu.
No deserto
da minha cama
tenho medo
Morfeu não
serve,
nem mesmo,
pra esquentar
meu corpo frio.
(Jessiely Soares)
Postado por
Jessiely Soares

*
o que resta dos desenhos na areia
quando o vento vira furacão,
são retalhos de alguma saudade
espalhados em cacos revoltos no chão.
O que rasga o peito a punhal
quando a lágrima cismada entala e não cai,
são gritos recém paridos de uma artéria triste
que se contorce e faz
o medo ressurgir regurgitando espíritos
desfazendo a paz
E a lua que jaz serena
não sente o pânico a me assaltar
Derrama sentada e sonolenta
brancos raios cheios rasgados pelo ar
Finge tranquilidade deixando-se imensa
na amplidão
Mas enquanto suspira estrelas
tentando inspirar algum bêbado ou alguma canção
Repensa a vida inteira
e queixa-se também da mesma solidão.
(Jessiely)
Postado por
Jessiely Soares
quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

*
Vês essa pétala
que sem cor e sem vento
acordou sozinha?
Há mais do que medo
nessa eterna aventura
que tira a vida e a recria,
perdida.
Há dor,
Há saudade,
Há pétala,
que partindo,
se despede
incerta
e
vai.
Não alcançará mais jardins,
nem rios,
nem outro jasmim,
nem carroça ou lagoa.
Mas,
bailará com o vento,
com tal sofrimento,
que até a vida atordoa!
Se cai,
se ri,
se chora,
Se voa,
Não se sabe,
não se sabe.
Morreu esta pétala
que um dia foi flor...
sem medo ou angústia
Em inércia profunda
Apaixonada
Pelo vento
deixou-se levar
- iludida -
num último pôr de sol
de uma tarde
pérfida
Vês, filha?
Vês essa pétala
que sem cor e sem vento
acordou sozinha?
(Jessiely Soares)