Fogo Antigo


Há um fogo incessante que me consome
E que pela manhã salta da cama comigo.
Enquanto arrumo o cabelo miro o espelho,
Percebo na minha face o mesmo fogo antigo.

Sobre a velha cabeceira o teu antigo retrato,
E a tua biografia - que cismei - e nunca escrevi.
Então me esquivo e refugio-me cauto;
Para não esbravejar, (ainda é manhã) que não te esqueci.

Esse grito na garganta cerrado há milênios
É prova certa que meu destino é vagar
- E se me perco, e me renasço, e me descubro tênue.
As velhas frases e as incertezas não irão mudar-.

Nessas incoerências sobre minha vida,
Perco-me ainda mais, querendo te encontrar.
Arrumo o cabelo, visto uma roupa cinza;
Encho-me de alegações,
Saio para trabalhar.
Entardece.

0 comentários: