O vento furioso numa tarde a vagar
Sacudiu a minha vida e te levou :
-Fiquei na porta te olhando ir,
Não fizestes menção alguma de querer ficar,
Abristes as asas, querias partir-.
Fizeste-te efêmero.
Não tivestes capacidade
Para ser eterno. Para Amar.
E te fostes. Seguistes os ventos que queimam no deserto;
que toca as águas dos rios, que sussurram na imensidão.
E eu fiquei triste, aguardando outro vento, decerto...
Calada, na varanda, chamando você em vão.
-Não sabia mais de ti. Anos passaram.
Numa tarde de primavera
O mesmo vento te trouxe de volta-.
Chegastes com aroma de todos os lugares,
E com sorriso de outras bocas ansiosas...
Eu te olhei, reconheci, mas não pude ficar!
Agora que voltastes o vento me enleia...
Arranca-me desta areia, já não podes me tocar.
Tenho o coração leve... Levo minhas esperanças.
Já não sou triste, amo de novo:
Eu ganhei asas e vou voar!
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